Nesta rua movimentada,
altamente pavimentada,
passam milhares de possíveis amores.
Amores vistos por cinco segundos.
Os passantes que atraem,
meus olhos,
passam aos montes
e distraídos.
Uma,
eu vi cruzar seu caminho
com o meu,
por três ou quatro vezes:
É o congestionamento da capital
ou é a sorte grande
agindo na vida?
Tudo aqui,
acomete-me em grandes proporções.
A luxúria,
que era peixe miúdo,
adquire aqui,
feições capitais.
O amor
que guardo por dentro,
também é metrópole.
É avenida paulista
de sentimentos.
Cabelos enrolados em cachos,
luzes num longo cabelo.
Vestidos, saias
e bermudas
revelam seu traço abstrato:
esferas brancas flutuando no negro.
Negras,
flutuando no branco.
Executivas boazudas
me atordoam,
com suas bundas,
bem trabalhadas
para o elogio no trabalho.
Vejo
executivos de sucesso
e de fracasso.
Homens,
correndo e andando
simultaneamente,
em cima de esteiras.
E entre tantos rostos
de olhar pontudo
e ângulos provocantes,
lanço para dentro de mim
um olhar lancinante.
Pergunto ao meu âmago,
quem é de fato
possibilidade.
Quem me faz perder o sono,
me faz perder o sexo,
tornando-me um ser,
assim,
tão bem resolvido?
Te quero,
minha possibilidade,
e te busco a todo instante.
E eu te encontro
cara a cara,
numa carta,
numa página da Web,
e digo que te amo.
E te beijo.
E faço contigo,
o sexo dos anjos,
aqui na terra.
Num dia ensolarado,
levo o nosso ser uno
pra um passeio
por dentro das nuvens.
Te conheço tanto,
mal te conhecendo...
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4 comentários:
Um tanto discursivo seu poema em prosa (às vezes em prosa, às vezes com investimento na linguagem poética). Seu ponto alto é a seguinte estrofe:
"Executivas boazudas
me atordoam,
com suas bundas,
bem trabalhadas
para o elogio no trabalho.".
Bem, acho que não são exatamente as executivas, mas as executoras que esperam esse tipo de elogio no trabalho. A imagem é boa.
Talvez Castro Alves ficaria feiz com a seguinte construção:
"Negras,
flutuando no branco."
Essa passagem que tanto me encanta:
"Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães" (Castro Alves)
Talvez um Navio Negreiro bem e lido e atualizado.
Que Mário de Andrade em sua "Lira paulistana" nos traz com seu flâneur dos trópicos (vide atual expo do Museu da Língua - sala de projeções).
Bjs!
"O amor
que guardo por dentro,
também é metrópole."
Isso é muito bacana... Metrópole não seria uma multiplicidade de acasos? Um caos onde a ordem apenas flerta com os protagonistas urbanos, como um monarca sem poderes? Seria isso o amor, o amor do seu eu lírico?
A propósito, vc é a Tatiana que conheci no MAC Ibirapuera?
A Tati tem um novo leitor e um novo fã...
Digo que para interpretar um poema corretamente é preciso antes de mais nada conhecer a biografia da autora(o)do poema...
O fato da prosa misturar-se a poemas nao interfere no que tentamos passar do nosso sentimento ou da nossa maneira de pensar..
Lendo o seu poema, nao busquei tentar visualizar ou entender seus sentimentos, mas tentei entender seu modo de pensar, e mais ainda Baudelaire como transqueve o titulo do seu poema..
No bem da realidade nao sei muita coisa sobre ele, aliais sou leiga em relaçao a ele, mas pesquisei-o na internet e tentei encaixa-lo no seu poema e no seu modo de pensar: Sei que vc deve (por fazer faculdade de letras)te-lo estudado mais que eu,(que nunca o li, mas ja ouvi falar dele);li que ele se envolvel com drogas e alcool na companhia de Jeanne Duraval; permita-me fazer uma pergunta, pra tentar entender seu modo de pensar atravez do seu poema: vc acha que se ele tivesse conhecido nosso mundo atual hj ele teria aproveitado melhor seu dinheiro... principalmente quando se tratando das "executivas boazudas"?
bjs
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